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segunda-feira, 24 de junho de 2013

SAÚDE

Hospitais preparados para atender gestantes com deficiência

  Kelly Ikuma, da Agência Brasília
Hospitais preparados para atender gestantes com deficiência
Mães com deficiência contam como foram seus partos em hospitais da rede pública do DF e garantem que atendimento é de excelência

BRASÍLIA (24/6/2013) – Todos os hospitais da rede pública do Distrito Federal são capazes de atender mulheres grávidas portadoras de algum tipo de deficiência, mesmo aquelas de alto risco, de acordo com a Secretaria de Saúde.
"Os hospitais não têm uma equipe especializada em atendimento exclusivo a pessoas com deficiência, porém, todas as unidades de saúde do DF têm profissionais capacitados a atender essas gestantes", informou o coordenador de Ginecologia da SES, Adriano Bueno, à Agência Brasília. 
Um exemplo de unidade de saúde preocupada em receber essa parcela da população é o Hospital Materno-Infantil de Brasília (HMIB), único no DF – seja em rede pública ou particular – a possuir acompanhamento psicológico no momento do parto. 
A psicóloga do HMIB Alessandra Arrais relatou um caso em que uma grávida de 14 anos, com deficiência auditiva, conseguiu ter o filho após muito esforço da equipe de profissionais do hospital, pois não conseguia se comunicar.
"Parecia que ela não sabia que estava em trabalho de parto e se negava a deitar na maca para a realização do procedimento", destacou, ao explicar que o conhecimento da Língua Brasileira de Sinais (Libras) por uma das profissionais foi essencial para que o nascimento da criança ocorresse sem problemas.
"Ela subiu em uma pequena escada, para partos normais, apoiou seu corpo em mim, e a médica que realizou o procedimento teve que ficar de joelhos, tudo como a parturiente desejava", enfatizou a psicóloga do HMIB. 
Outro caso com final feliz foi o da paraplégica Nilza Soares Gomes, que é presidente fundadora da Associação dos Portadores de Deficiência do DF. 
Apesar de ter marcado seu parto na rede particular, ela teve sua filha caçula no Hospital Regional de Ceilândia: "Minha filha nasceu prematura, com seis meses, e tinha apenas 50% de chance de sobrevivência. Fui muito bem-recebida pelos dois médicos que fizeram o parto", declarou. 
Nilza, mãe de outros dois filhos, acredita que a saúde no DF está em plena evolução quando o assunto é atendimento aos deficientes; ela ressalta, porém, que o ideal seria a criação de uma unidade exclusiva para esse público, que soma hoje 390 mil pessoas. 
O Hospital Regional da Asa Norte também tem experiência no assunto, ao acolher a deficiente intelectual Cristiane Castanheira, 33 anos, que há seis anos realizou o procedimento com a ajuda de duas obstetras. 
"Não tive problemas de comunicação com ninguém, pois estava acompanhada da minha mãe, mas acho que elas me tratariam da mesma forma se eu estivesse sozinha", relatou Cristiane, que trabalha hoje na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais do DF (Apae). 
PARTO DE ALTO RISCO – Nem todas as gestantes com deficiência terão, necessariamente, um parto de alto risco mas sempre vão precisar de atenção especial, segundo o obstetra e supervisor de Emergência Obstétrica do HMIB, Avelar de Holanda Barbosa.
"O maior risco dessas gestantes é o próprio obstetra, que, se não tiver conhecimento suficiente, pode fazer com que uma gestação saudável se transforme num grande problema para a mãe e para o bebê", explicou Barbosa à reportagem. 
Como atualmente são raros os casos de médicos especializados em partos de pessoas com deficiência, a solução, de acordo o obstetra, é escolher um profissional que demonstre interesse pelo caso, além de um hospital com neurologistas, psicólogos e urologistas. 
"Os cuidados dependem da patologia de cada paciente e de sua gravidade. As dificuldades devem ser previstas no pré-natal pelo obstetra escolhido, que deve orientá-la sobre os cuidados e exames necessários. Ter um acompanhante na hora de dar à luz também é necessário", enfatizou Avelar de Holanda Barbosa. 
No caso de mães paraplégicas, por exemplo, o exame neurológico deve ser feito logo no início da gravidez para avaliar a gravidade da lesão, e, a depender dessa informação, a paciente é encaminhada ao urologista para evitar uma infecção urinária. 
O acompanhamento de um psicólogo também é de extrema importância: "Ele preparará a paciente sobre as suas limitações, evitando até mesmo um parto prematuro", destacou o obstetra do HMIB, ao lembrar ainda que o profissional também tem o papel de acalmar a paciente no momento do parto. 
SAÚDE INCLUSIVA – Pessoas com deficiência estão protegidas pela Política Nacional da Pessoa com Deficiência, que garante o direito ao diagnóstico, à prevenção e à reabilitação de doenças, além da aquisição gratuita de órteses e próteses, tudo por intermédio do Sistema Único de Saúde (SUS). 
Em maio deste ano, foi inaugurado o Centro Especializado em Reabilitação, na modalidade física e intelectual (CER II), na Unidade Mista de Saúde de Taguatinga, destinada à inclusão de pacientes com deficiência em toda a rede de serviços do SUS. 
O objetivo do novo serviço é atender a pacientes, em todas as faixas etárias, que precisam de tratamento especializado em reabilitação, diagnóstico, avaliação e orientação.

(K.I/J.S)
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