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quinta-feira, 5 de junho de 2014

ComCopa

Bike para todos

  Mateus Rodrigues, ComCopa
Gustavo Ponce de Leon, secretário de Governo do Distrito Federal

 Fotos: Divulgação
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O hábito de deixar o carro estacionado na garagem e ir para o trabalho de bicicleta ou ônibus já foi visto como excêntrico, mas é cada vez mais comum entre os moradores do Distrito Federal. E graças aos investimentos recentes do GDF, adotar outros meios de transporte é cada vez mais fácil. São 430 km de ciclovias concluídas, além das ciclofaixas em teste nas vias principais.

Desde quarta-feira (28), os brasilienses e turistas também podem utilizar as bicicletas compartilhadas do Bike Brasília – serão 40 estações e 400 bikes até o fim do ano. O secretário de Governo do DF, Gustavo Ponce de Leon, padrinho do programa, dá o exemplo: voltou a usar a bicicleta em dias de tempo firme, para trabalhar e para se divertir. É uma prática que cultiva desde os 19 anos de idade.

Em entrevista exclusiva ao Portal Brasília na Copa, ele explica que os avanços integram um plano de mobilidade que prioriza o transporte público. “Temos novos ônibus, Expresso DF, ciclovias, ciclofaixas, bicicletas compartilhadas”, enumera.

Confira a entrevista:
O que o projeto Bike Brasília representa para os ciclistas do DF?
É a democratização da bicicleta. A grande vantagem é que as pessoas podem pedalar gastando apenas R$ 10 por ano, sem adquirir o próprio veículo. Para quem mora muito distante do local de trabalho, às vezes é difícil fazer o trajeto com a própria bike. Além do tempo de trajeto, fica complicado entrar no metrô com a bicicleta em horário de pico.

Com as estações compartilhadas, a pessoa pode pegar o metrô, vir até a rodoviária e pedalar até a Esplanada, por exemplo. E se você não quiser voltar pra casa pedalando, pode escolher outro meio sem se preocupar. É bom, também, para quando você precisa fazer um deslocamento no meio do dia. Não precisa tirar o carro da vaga ou esperar na parada de ônibus.

gustavo2Acha que a população brasiliense vai adotar a ideia do compartilhamento?
É uma lógica muito mais interessante. Quando a pessoa opta por um transporte privado, seja carro ou bicicleta, ela utiliza o veículo por uma, duas horas ao dia. No resto do tempo, o veículo fica estacionado, ocupando espaço na rua. Não é o modelo de investimento mais racional.

As dimensões do Distrito Federal dificultam a opção pela bicicleta. A integração de modais pode ser uma solução para atrair os ciclistas?

Com certeza. Nosso esforço inicial foi para criar malhas de ciclovia em cada cidade, dentro dos centros urbanos, e não para ligar Planaltina ao Plano Piloto, ligar Taguatinga e Ceilândia pela bicicleta.

Isso permite que o cidadão circule nos trajetos mais curtos e faça essa intermodalidade. O Bike Brasília é vantajoso, também, por isso: você não precisa levar a bicicleta quando estiver em outro modal (ônibus, carro, metrô).

A primeira fase do projeto contempla apenas o Plano Piloto. Há planos de expandir essa cobertura?
O estudo de potencial para todas as regiões administrativas já foi feito. Vamos abrir um chamamento público, para encontrar parceiros que financiem a expansão do projeto.

Não há investimento público nessas bicicletas, toda a parte de custos é bancada por um parceiro privado. O banco Itaú é o financiador destas primeiras 10 estações, mas não existe exclusividade.

Nos últimos três anos, o Governo do Distrito Federal adotou um novo paradigma para a mobilidade, com ênfase no transporte público. Aprovamos o Plano Diretor de Transporte Urbano (PDTU), que engloba todos os modos de locomoção e estabelecemos prioridades: novos ônibus, Expresso DF, expansão de ciclovias.

Nesse sentido, cabe também ressaltar a forte adesão do DF ao programa Caminho da Escola, em parceria com o governo federal. Já oferecemos 3 mil bicicletas a alunos da rede pública, facilitando o acesso destes à educação.

Além dos investimentos diretos, o uso das ciclovias demanda melhorias em iluminação e segurança. Isso está sendo feito?
Há processo muito forte de requalificação do espaço urbano na área central. Além das ciclovias e ciclofaixas, temos a iluminação reforçada, o parque Burle Marx e as reformas da Torre de TV, da Feira da Torre e da Fonte Luminosa.

Estamos transformando o Eixo Monumental em um grande parque linear, e devolvendo as escalas monumental e gregária, previstas por Lúcio Costa. Hoje, a pessoa pode passar um dia inteiro de lazer e cultura no Eixo Monumental, com segurança e facilidade de deslocamento.

O projeto Bike Brasília faz parte do legado da Copa do Mundo da FIFA™?
Sem dúvida, faz parte do legado. A Copa não é um objetivo em si, mas uma meta. Assim como, na construção de Brasília, o prazo de cinco anos era a meta-síntese de JK, podemos dizer a Copa do Mundo é a nossa meta-síntese. O Mundial resume todo esse processo de aceleração das obras.

Temos outro legado na parte de mobilidade, ainda mais importante. Nos últimos três anos, conseguimos reduzir a morte de ciclistas em acidentes de trânsito. No ano passado, tivemos o menor número de óbitos desde 2000. É uma vitória para o DF.

Como ciclista, o senhor percebe de fato essas mudanças no dia a dia?
Sempre usei a bicicleta como meio de transporte, mesmo quando morava no Rio de Janeiro. Pedalo em Brasília desde 1981. Não tinha carro, então sempre usei o “camelo” aos fins de semana. Em determinado momento, os compromissos passaram a me exigir um deslocamento mais rápido, e o trânsito ficou mais agressivo.

Agora, fico muito feliz em resgatar esse hábito. Nos dias em que a agenda permite e o tempo está firme, venho para o Palácio do Buriti de bicicleta, e nos fins de semana, vou ao shopping de bicicleta.

Isso significa trocar o stress do trânsito pela diversão de pedalar em uma cidade bonita como Brasília. Significa que estamos atingindo essa meta, essa qualidade de vida.

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