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quarta-feira, 19 de setembro de 2012


Segunda noite do Festival de 

Cinema contempla mulheres

  Lúria Rezende, da Agência Brasília
Segunda noite do Festival de Cinema contempla mulheresFoto: Junior Aragão
Lúcia Murat, vencedora em 1989, retorna à mostra com
 o longa A memória que me contam. O curta de ficção Kátia
 aborda a biografia da primeira travesti eleita para um cargo público
A diretora do longa da noite, Lúcia Murat, inspirou-se na mentora do sequestro do embaixador do Estados Unidos, Vera Silvia Magalhães, para desenvolver a trama de A memória que me contam, em exibição na segunda noite do Festival de Cinema, nesta quarta-feira (19), na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional. Outro enredo focado no universo feminino é o documentário Kátia, de Karla Hollanda, que relata a trajetória da primeira travesti eleita para um cargo político no país.

O enredo de A memória que me contam recupera sonhos e perdas da militância brasileira de esquerda. Um estado de saúde debilitado em uma sala de hospital é suficiente para que Ana, a personagem principal, receba seus amigos que frequentaram, com ela, os porões da ditadura militar, o que provoca lembranças e sentimentos.

No elenco, os atores Irene Ravache (vencedora do troféu candango em 1989) e Simone Spoladore, Franco Neto, Clarisse Abujamra, Otávio Augusto e José Carlos Machado. Lúcia Murat retorna ao palco do Festival de Cinema de Brasília após 20 anos, quando apresentou Que bom te ver viva.

O documentário Kátia é resultado de 20 dias de convívio da diretora Karla Hollanda com Kátia Tapety. A documentada foi a primeira travesti eleita para um cargo político no Brasil. A piauiense foi vereadora três vezes, além de vice-prefeita.

Integrante de uma tradicional família de políticos do Piauí, Kátia foi proibida de sair de casa durante a infância e parte da adolescência. Ela foi a única de nove filhos que não recebeu educação formal e apanhava até quando ia com a mãe à igreja.

Um dos três curtas é o documentário A cidade, de Liliana Sulzabach. A diretora captou a história peculiar de uma comunidade a 60km de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Mais valia é a animação da noite. De Marco Túlio Ramos Vieira, o enredo conta a história de um macaco cansado do trabalho que faz. O animal sonha em ser músico. O curta de ficção fica a cargo de Vereda. O filme mostra um pescador que paira sobre a correnteza e sobrevive das sobras do amor gasto. Ele toma para si a beleza que o mar revolto lhe deu em troca de sua vida.

Primeira noite – A primeira noite da mostra competitiva apresentou um clima morno na Sala Villa-Lobos. O público se mostrou apático e conformado.

Na grande tela, o documentário Um filme para Dirceu esboçou o mais próximo de uma interação com o público. O documentário arrancou risadas da plateia por meio do personagem principal, Dirceu, que foi em busca da cineasta curitibana Ana Johann pedindo para que ela fizesse um filme sobre a sua vida. A movimentada rotina do personagem mostrou o lado matuto e sonhador de um morador de São Bento do Sul, no Paraná, que sonhava em ser um músico famoso.

A animação Linear, do paulista Amir Admoni, mostrou o universo fantástico de um ponto que virou linha e saiu caminhando. Com técnicas de stop motion, 2D e 3D, o filme foi uma das surpresas da noite.

A grande estreia da mostra competitiva, Eles voltam, exibiu um episódio da vida de Cris, uma menina de 12 anos, e seu irmão mais velho que são deixados à beira da estrada por seus pais. Em pouco tempo percebem que o castigo vem a se tornar um desafio ainda maior. O filme acompanha Cris em sua jornada de retorno ao lar.

A saga da pobre menina rica que se depara com uma realidade brasileira ainda desconhecida, vista de dentro da sua bolha. Para o diretor do longa, o pernambucano Marcelo Lordello, o filme é feito de encontros, em que realidades distintas serão seus guias. "Uma fábula de tons realistas sobre as vivências que muita gente passa", observa o diretor. A película foi aplaudida após a sessão.

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